Cedoc Umane, 17/04/2023, Blog
O câncer de mama é o tipo mais incidente na população feminina no Brasil e no mundo, com exceção do câncer de pele não melanoma. Em 2022, foi a causa de 77.014 internações em todos os municípios do Brasil, segundo dados do SIH/DATASUS disponíveis no Observatório da APS. O número abrange unidades hospitalares públicas ou particulares conveniadas que são participantes do Sistema Único de Saúde (SUS).
Mulheres a partir dos 50 anos têm mais risco de desenvolver o tumor na mama. Essas faixas etárias representaram a maior parte dos casos de hospitalização em 2022:
– 20.166 internações entre 45 a 54 anos;
– 20.394 internações entre 55 a 64 anos;
– 20.049 internações acima de 65 anos.
Neste cenário, o total de gastos hospitalares somou mais de R$ 183 milhões no ano, também de acordo com o SIH/DATASUS. Foram R$ 183.064.368,20, um custo médio de R$ 2.377,03 por internação.
Conhecer estatísticas sobre a doença é fundamental para planejar as ferramentas disponíveis em todos os níveis de atenção à saúde, começando pela Atenção Primária à Saúde (APS), para um atendimento organizado e eficiente economicamente. A prevenção e a detecção precoce do câncer de mama são essenciais para o enfrentamento, a cura e o aumento da taxa de sobrevivência dos pacientes.
Abaixo, apresentamos um guia completo com dados atualizados e outras informações sobre câncer de mama, mamografia e o Outubro Rosa.
Câncer de mama: o que é, causas e tratamento
A neoplasia de mama é caracterizada pela multiplicação desordenada de células anormais no seio, formando um tumor maligno. Como mencionado acima, este tipo de câncer é mais comum em mulheres – os homens podem desenvolver câncer de mama, porém é raro: 1% do total de casos.
A alteração genética que causa o tumor está diretamente relacionada à biologia celular. Mas também pode ser estimulada por condições agravantes, sejam endócrinas, comportamentais e/ou hereditárias. Já o tratamento pode variar significativamente de acordo com o estágio e o tipo do tumor ou as características individuais de cada paciente.
Fatores de risco: é possível prevenir o câncer de mama?
Considerando as causas do câncer de mama, há três categorias de fatores de risco para a doença:
É possível reduzir a incidência da doença com a adoção de hábitos mais saudáveis, ou seja, controlando fatores de risco comportamentais. Este é um exemplo de prevenção primária: ações para controlar determinantes de saúde negativos associados a uma doença.
Modalidades de tratamento do câncer de mama
No ano de 2022, 47.410 pessoas receberam tratamento de câncer de mama no SUS e na rede conveniada, segundo dados do Painel Oncologia do DATASUS que podem ser acessados pelo Observatório da APS. A população com 65 anos ou mais representou a maioria das ocorrências: 13.077, mais de um quarto (27,6%) dos pacientes em tratamento.
Considerando a mesma amostra de pessoas que receberam tratamento no período, a quimioterapia foi adotada em 77,9% dos casos, ou para 36.938 pacientes. Depois, cirurgia (15,8%), radioterapia (6,1%) e, por último, a combinação de quimio e radioterapia (0,15%).
Conheça mais sobre os métodos mais utilizados no tratamento:
– Quimioterapia: uso de medicamentos por via oral ou intravenosa para destruir células cancerígenas ou interromper a capacidade delas de crescer e se dividirem. Pode ser administrada como tratamento principal ou antes (quimioterapia neoadjuvante) ou depois (quimioterapia adjuvante) da cirurgia.
– Cirurgia: frequentemente, faz parte do plano inicial de tratamento do câncer de mama. Há diferentes tipos de procedimentos cirúrgicos, determinados de acordo com a extensão do câncer.
– Radioterapia: uso de radiação ionizante, de alta energia, para destruir ou limitar o crescimento das células do tumor.
Outubro Rosa: mês de conscientização sobre o câncer de mama
De acordo com o INCA (Instituto Nacional do Câncer), a neoplasia de mama é a primeira causa de morte por câncer na população feminina no Brasil. Foram 18.139 óbitos em todos os municípios do país em 2021, segundo o SIM/DATASUS. Mais uma vez, o destaque é a população acima de 65 anos: aproximadamente 45% do total.
Fonte: Dados do SIM/DATASUS 2021 disponíveis no Observatório da APS
A partir desses dados, a taxa de mortalidade calculada pelo Observatório da APS é de 16,6 a cada 100 mil habitantes.
Quando diagnosticado em fase inicial, há mais chances de cura, proporcionando às mulheres uma vida saudável e longínqua. Nesse contexto, a campanha Outubro Rosa tem um papel crucial para disseminar informações sobre o câncer de mama no mundo todo. Principalmente, tornou-se um lembrete anual e poderoso sobre a necessidade de exames regulares para o rastreamento e a detecção precoce da doença.
Mais informações para facilitar o diálogo entre profissionais de saúde e pacientes: Cartilha “Câncer de mama: vamos falar sobre isso?”, do INCA
A origem do Outubro Rosa foi na década de 1990, nos Estados Unidos. O movimento cresceu rapidamente por todo o mundo e, hoje, além das mulheres, engaja organizações de saúde, instituições públicas e privadas e comunidades locais na luta conjunta contra o câncer de mama.
Como reconhecer os sinais de alerta
Os principais sinais de alerta ou sintomas do câncer de mama são:
– nódulo palpável na mama;
– pele avermelhada ou retraída, sem resposta a tratamentos tópicos;
– alterações no mamilo, incluindo a inversão do mamilo ou a saída anormal de secreção;
– dor ou inchaço em parte ou na totalidade das mamas;
– nódulos cervicais ou na axila.
Por que fazer mamografia de rastreamento?
O diagnóstico em fase inicial permite melhor prognóstico para o tratamento e a redução da mortalidade em razão da doença. A detecção precoce é uma atividade no âmbito da Atenção Primária à Saúde.
A mamografia pode identificar nódulos nos seios mesmo antes deles serem palpáveis. Ou seja, que possivelmente não seriam percebidos durante o autoexame ou a consulta de rotina.
A recomendação do Ministério da Saúde é que mulheres entre 50 e 69 anos realizem mamografia a cada dois anos. Em situações específicas, os profissionais de saúde podem solicitar o exame em idade mais jovem ou com um intervalo menor.
Considerando todas as capitais brasileiras, 11.517.117 mulheres acima de 18 anos já realizaram mamografia alguma vez na vida, segundo dados do Vigitel de 2021. Isso equivale a 62,1% do total dessa população. No entanto, das 8.306.558 habitantes com 45 anos ou mais, 13,90% (1.154.605) realizaram o exame há mais de 5 anos (463.266) ou nunca o realizaram (691.339).
Distribuição de mulheres nas capitais brasileiras que já realizaram exame de mamografia alguma vez, por faixa etária:
18 a 24 anos | 19,9% |
25 a 34 anos | 30,4% |
35 a 44 anos | 59,4% |
45 a 54 anos | 89% |
55 a 64 anos | 95,1% |
Acima de 65 anos | 91,5% |
Fonte: Dados da Vigitel acessados no Observatório da APS.
Diferença entre diagnóstico precoce e rastreamento do câncer de mama
O rastreamento é a realização de exames periódicos, incluindo mamografia, ultrassonografia e exame clínico das mamas, para identificar alterações que sugerem tumor. Assim, a paciente ou o paciente com resultados anormais pode ser encaminhado para investigação diagnóstica.
O rastreamento é destinado a pessoas sem sinais sugestivos da doença, mas dentro da faixa etária de maior incidência.
Já o diagnóstico precoce refere-se à abordagem dos pacientes ainda em estágio inicial, quando surgem sinais da doença. Além do acesso rápido e facilitado aos serviços de saúde, a conscientização da população para observar e reconhecer sintomas suspeitos é fundamental para essa estratégia.
O INCA estima o surgimento de 704 mil novos casos de câncer por ano no país todo até 2025. Por esse motivo, a prevenção e a detecção precoce são tão importantes para reduzir a taxa de mortalidade do câncer de mama, garantir o bem-estar da população e gerar mais eficiência à rede de saúde.
Fonte: UMANE - Biblioteca do Observatório da Atenção Primária à Saúde
Data: 03/10/2023